Carta a uma pessoa amiga bissexual


Carta a uma amiga bissexual é um texto de referência para o ativismo bissexual no Brasil. Foi escrito em 2010 e mesmo 10 anos depois continua um documento atual que ainda reflete muito a realidade da bifobia no movimento LGTI+ em nossa sociedade.

No sentido de reafirmar nossas vivências e narrativas o Conselho Nacional Popular LGBTI+ publicou no dia 27 de setembro, durante a Convergência Bi uma releitura deste documento que disponibilizamos a seguir.

Leia a carta original aqui: http://blog-espaco-b.blogspot.com/


Querida amiga, amige e amigo bissexual,



Brasil, 27 de setembro de 2020


Escrevo esta carta de forma saudosa e afetiva, diante de todas as dores que estamos sofrendo neste momento de luto e resistência pelo qual o mundo inteiro passa de pandemia e do aumento do discurso de ódio.

Ao longo destes últimos anos vi o Brasil passar por grandes transformações que trouxeram a esperança de dias melhores. Contudo não demorou para vermos a organização de setores conservadores contra nossas existências.

O que muito me entristece é ver que para além de tudo que estamos sofrendo, não avançamos na sociedade nem no movimento LGBTI+ no enfrentamento a Bifobia.

Nós ainda enfrentamos as mesmas violência e nosso apagamento e invisibilidade continua gerando mais e mais violência física, psicológica e sexual contra nossas corpas.

E quando falamos de corpas trans, não binaries, travestigeneres ou Intersexos, nossas existências são ainda mais questionadas e invalidadas.

Nossa luta contra os estereótipos continua, mas muitas vezes nos cansa ter que reafirmar que a Bissexualidade não é binária e que significa tão somente que vivenciamos as mais diversas possibilidades de amar, sem medo, sem preconceitos e de forma descentralizada das meras expectativas dos estereótipos de gênero sob a genitália de quem amamos.

Nossa sinceridade também não é bem recebida, pois nós não negamos o desejo seja ele romântico ou sexual, mas isso faz parte da maioria dos relacionamentos adultos, seja relacionamentos homoafetivos ou hetoroafetivos. Porém sobre nossos desejos recai o preconceito monosexista de ver nossas dissidencias como mera promiscuidade.


Escrevo estas palavras com o pesar de quem continua na luta acreditando em um outro mundo possível.


Saudações afetuosas.

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